O aumento do risco fiscal com a retomada do auxílio emergencial e as novas investidas do presidente do Brasil Jair Messias Bolsonaro sobre a Petrobras pressionaram o humor do mercado financeiro nesta semana. Apesar de o dólar ter encerrado esta sexta-feira (19/02), com queda de 1,02%, a R$ 5,385, o cenário fez a moeda norte-americana fechar a semana com alta de 0,2%. No mês, a divisa acumula recuo de 1,62%, enquanto desde o início de 2021 o dólar já subiu 3,79%. Como já era esperado, investidores reagiram com aversão aos comentários negativos de Bolsonaro sobre a Petrobras, impactando o desempenho dos papéis da estatal e o Ibovespa.
O principal índice da Bolsa de Valores brasileira encerrou com baixa de 0,64%, aos 118.430 pontos. A queda foi puxada pelas ações da estatal. O papel preferencial (PETRA) recuou 6,63%, enquanto o ordinário (PETR3), registrou queda de 7,92%. Os investidores repercutiram negativamente as declarações do presidente sobre mudanças na Petrobras, após a estatal anunciar novos reajustes na gasolina e diesel nesta quinta-feira (19/02). Em sua live semanal, Bolsonaro criticou o aumento e disse que alguma coisa vai mudar na Petrobras nos próximos dias. Apesar do presidente afirmar que não possui controle sobre a empresa, investidores enxergaram nas falas do presidente uma nova ameaça de ingerência nos preços dos combustíveis.
Em entrevista à Jovem Pan, Adriano Pires Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), ressaltou o impacto da declaração nos negócios da estatal. “Ao falar isso, pode acontecer alguma coisa hoje, amanhã. Não é uma boa fala. O mercado vai reagir em relação a isso. É uma mensagem cifrada, e a gente não sabe o que vai acontecer. O presidente é muito imprevisível, então pode acontecer de ele tirar o presidente da Petrobras, e também pode ser que não aconteça nada”. Bolsonaro também anunciou mudanças na taxação federal sobre gás de cozinha e diesel a partir do dia 1º de março.
Segundo ele, após reunião com o ministro Paulo Guedes e com a equipe econômica, o governo federal decidiu fazer mudanças nos impostos a partir do próximo mês. “A partir de 1º de março não haverá mais qualquer tributo federal no gás de cozinha, ad eternum. Não haverá qualquer tributo federal no gás de cozinha, que está em média hoje R$ 90,00 na ponta da linha, lá para o consumidor”, afirmou. Segundo o presidente, além do GLP, o diesel também terá a anulação dos tributos federais a partir de março. No caso do combustível, a diminuição do valor valerá por dois meses.