
A rede varejista Zara, do grupo espanhol Inditex, passa por uma reorganização mundial para focar mais nas vendas digitais que envolve ainda o encerramento de lojas de menor porte. O plano foi traçado em 2020 e, no Brasil, teve início ainda no ano passado, com o fechamento de lojas em Joinville (SC) e São José dos Campos (SP). Em 2021, haverá encerramento de atividades em mais 5 cidades: Vila Velha (ES), Uberlândia (MG), São Bernardo (SP), Campo Grande (MS) e Goiânia (GO).
A previsão é de que a rede fique com 49 lojas das 56 existentes no país antes da execução do plano. Antes da pandemia, a Inditex tinha cerca de 7.400 lojas pelo mundo, número que deve ficar entre 6.700 e 6.900 após a reestruturação. Os critérios para definir quais lojas saem do portfólio da empresa são tamanho e localização. A estratégia é seguir com as grandes lojas, que podem alavancar a estratégia online da companhia. Para alcançar essa meta, esses estabelecimentos deverão passar por uma modernização.
A Inditex, dona das marcas Zara, Bershka, Pull & Bear e Massimo Dutti, anunciou em junho de 2020 o fechamento de 1.200 lojas em todo o mundo, o que será compensado pela abertura de outras 500. As vendas do grupo tiveram queda de 44% no primeiro trimestre fiscal do ano passado em relação a 2019 por causa pandemia de covid-19, segundo o jornal inglês The Guardian. Entre fevereiro e abril de 2020, a Zara registrou um prejuízo de 443 milhões de euros. Nem uma, nem duas. Por três vezes, equipes de fiscalização trabalhista flagraram trabalhadores estrangeiros submetidos a condições análogas à escravidão produzindo peças de roupa da badalada marca internacional Zara, do grupo espanhol Inditex.
Roupas da Zara, do grupo espanhol Inditex, são fabricadas com mão de obra escrava
Escrito por: Bianca Pyl* e Maurício Hashizume
Na mais recente operação que vasculhou subcontratadas de uma das principais “fornecedoras” da rede, 15 pessoas, incluindo uma adolescente de apenas 14 anos, foram libertadas de escravidão contemporânea de duas oficinas – uma localizada no Centro da capital paulista e outra na Zona Norte. A investigação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP) – que culminou na inspeção realizada no final de junho – se iniciou a partir de uma outra fiscalização realizada em Americana (SP), no interior, ainda em maio. Na ocasião, 52 trabalhadores foram encontrados em condições degradantes; parte do grupo costurava calças da Zara.
“Por se tratar de uma grande marca, que está no mundo todo, a ação se torna exemplar e educativa para todo o setor”, coloca Giuliana Cassiano Orlandi, auditora fiscal que participou de todas as etapas da fiscalização. Foi a maior operação do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo Urbano da SRTE/SP, desde que começou os trabalhos de rastreamento de cadeias produtivas a partir da criação do Pacto Contra a Precarização e Pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo – Cadeia Produtiva das Confecções. A ação, complementa Giuliana, serve também para mostrar a proximidade da escravidão com pessoas comuns, por meio dos hábitos de consumo. “Mesmo um produto de qualidade, comprado no shopping center, pode ter sido feito por trabalhadores vítimas de trabalho escravo”.
Fonte: CNN